Monday, June 06, 2011

Os chantagistas abusam da sua bondade



Existem coisas que a gente faz, achando que está fazendo bem, mas termina fazendo mal. Mesmo com as melhores das intenções, terminando por prejudicar os outros e até a gente mesmo.
Um dos problemas sérios da criatura humana é o entendimento equivocado do que seja bondade, tolerância, compreensão e caridade para com o próximo.
Este artigo não tem qualquer conotação religiosa, a proposta é sugerir ao leitor a raciocinar em cima das problemáticas da relação humana.
As pessoas, em maioria, fazem esforços em manter um        estilo de vida na honestidade, na compreensão, na paciência, na tolerância e dentro daquelas propostas sugeridas pela moralidade, bons princípios e amor ao próximo.
Mas será que agem sempre corretamente?
Vamos ver.
Existe um ensinamento antigo, passado pelo nosso amigo da Galiléia, que é o “Sim sim, não não”.
Devemos dizer sim, várias vezes, para as pessoas, mas também, em determinados momentos, temos que dizer o NÃO.
O grande problema que enfoco é que muitas pessoas, para manterem a sua condição de “boazinhas”, querem viver dizendo SIM o tempo todo, para todo mundo, embora, no fundo, não gostariam e nem poderiam dizer este sim.
- “Ah, eu prefiro dizer sim logo, concordar logo, para evitar problemas”.
Não vai evitar problemas, vai é criar mais problemas ainda.
- “Eu prefiro dizer sim, para me livrar de Fulano, que é chato demais e eu não agüento mais”.
Ilusão. Você não vai se livrar coisa nenhuma, porque é aí que ele vai se aproveitar da sua moleza e, não demora, vai querer outro SIM seu, em outra situação.
- “Eu tive que concordar com a proposta do condomínio, porque vi outras pessoas concordando e, para evitar problemas com aquele síndico chato, eu achei melhor concordar também, embora não aceite aquilo que foi proposto”.
Não evitou problemas coisa nenhuma, foi omisso em algo que não vai lhe agradar depois, e terminou por criar mais problemas para você.
Esse negócio de ficar concordando e dizendo sim para os outros, para evitar problemas, invariavelmente significa criar problemas PARA VOCÊ, gerando dissabores na sua vida, quadro que evolui para sofrimentos, angústias, depressões, etc...
Sabe como é o nome disto?
Masoquismo.
Ninguém deve ir na onda de certos "aconselhamentos" religiosos, que chegam a ser ridículos, quando lhe propõe viver praticamente dentro de uma santidade que você certamente não tem, na base do "vamos com calma""aquiete seu coração""temos que aprender e engolir sapos""enquanto os cachorros latem a caravana passa".
O pior é que quando você adota uma linha mais coerente, e até mais honesta, sem dar muita moleza para o abuso dos outros, o santinho de pau oco sempre vem a dizer que você está perdendo a calma, está sem equilíbrio, está agressivo e coisas desta natureza. Não podemos levar em consideração pois, o fato de nos mantermos firmes em posturas mais duras, não quer dizer necessariamente que não estejamos calmos e equilibrados.
Vamos a alguns fatos.
Existem pais que são frouxos ao extremo, e que, em nome da modernidade e da liberdade, liberam o filho ou a filha, de apenas 14 anos, para fumar, na ilusão de que estão respeitando o espaço deles.
- “Eu sou uma mãe liberal. Não vou querer dar à minha filha a criação que a minha mãe me deu”.
Vai se lascar, pra deixar de ser besta.
Que não devemos dar aos nossos filhos exatamente o mesmo modelo de educação ultrapassada, equivocada e cheia de proibições, conforme acontecia no passado, é algo a ser levado em consideração, sim, mas daí achar que tudo o que era praticado no passado estava errado, é um grande equívoco, porque muita coisa antiga deveria ser preservada, sim, sem prazo de validade.
- “Eu confio na minha filha, ela tem uma cabeça muito boa, apesar dos 14 anos, por isto eu a deixo dormir com o namorado, na casa dele.”
Você tem tanta confiança assim, tem tanta certeza assim ou apenas diz isto para dar impressão aos outros que na sua casa tudo é uma maravilha, todo mundo vive em harmonia e que a sua filha é uma super-menina?
Muitas mulheres adoram dizer pra todo mundo que o seu marido é uma praga e até um inferno na sua vida, mas outras, tão bestas quanto, adoram dizer que possuem super-maridos, super-filhos e tudo da melhor qualidade possível, dentro de casa, enchendo o seu ego ao perceber uma certa inveja por parte da outra que, com certeza, não tem todas estas perfeições em casa.
E nesta onda, pai e mãe vão confiando totalmente na filhinha, finge que não vê o filho chegar bêbado em casa, ou com sintomas de outras coisas piores, enganando-se a si mesmos, sem perceber que o mal se agrava mais rapidamente quando aplicamos as “bondades” equivocadas.
Vivemos uma sociedade de bondades aparentes, ou melhor, bondades ridículas, que de Bondade não tem nada.
De tanto conversar com pessoas, tomando conhecimento da quantidade de conflitos que existe no seio familiar, este que identifico hoje como o local onde existe mais agressão, na sociedade, inspirei-me por escrever o meu livro“Parente, uma praga na vida da gente”, cujo título já causa uma espécie de desconforto nos bonzinhos de araque, mas que se tornou uma grande realidade, porque tem conseguido libertar muita gente da submissão a parentes chantagistas, agressivos, viciados, aproveitadores,        espertalhões, abusadores e até violentos.
- “Alamar, este seu livro foi um alívio pra mim, porque foi o pilar onde eu pude me segurar para dar um basta em sofrimentos que eu vinha tendo, em relação a parentes”.
A proposta da matéria não é de fazer propaganda do livro, embora precise, mas não posso deixar de citá-lo, por conta dos resultados obtidos e dos relatos que me tem sido trazidos.
Este assunto é tema de palestra que tenho feito por vários lugares, com resultados fantásticos, quando vejo pessoas dizerem:
- “Até que enfim, alguém veio aqui falar deste assunto, abertamente, com coragem, sem censura e sem preocupação em ser político. Ainda bem.”
Muita gente sofre porque é besta mesmo, eu já disse isto em vários outros escritos.
Como é que pode um filho adolescente acostumar-se a        gritar com pai e mãe, a ponto até de lhes dirigir palavras agressivas e contundentes, mandando até ir tomar em tudo quanto é canto e os mesmos ficarem calados, sem tomar providência nenhuma?
- “Ah, mas isto é fase. O adolescente é assim mesmo, depois isto passa”.
Passa para o alcoolismo, a maconha, a cocaína e depois        para a cadeia ou cemitério precocemente.
Conforme eu digo no meu livro, o parente abusado deita e rola na moleza do compreensivo, calmo e tolerante.
Ele acha que sendo calmo, tolerante, caridoso e compreensivo, nestes casos, vai resolver o problema, ou melhor, vai evitar problemas maiores.
Ledo engano, não estará sendo bom de forma alguma,        estará sendo omisso, “bonzinho” e besta, deixando que os males permaneçam instalados em sua vida.
Lembro-me de uma amiga que diz ter tomado uma providência enérgica em relação a um seu tio, depois de uma palestra que fiz na sua cidade.
O fato ocorria assim:
O tal tio só costumava visitar a sua casa bêbado, fedorento e praticando as coisas mais absurdas e desrespeitosas no seu lar.
Ela e o marido nunca admitiram bebidas alcoólicas, assim como os seus filhos e filhas, já que nunca tiveram o exemplo dentro de casa.
Toda vez que eles ensaiavam reclamar sobre o nojento vício do tio, ele vinha com aquela conversa:
- “Eu não lhes dou a liberdade de dizer o que eu devo ou não devo fazer da minha vida. Bebo com o meu dinheiro, não é da conta de vocês, cuidem de vocês e me respeitem”.
Nessas visitas inconvenientes, nos seus excessos, ele ofendia, falava palavrões, abria a geladeira da casa procurando por mais bebida, ficava com raiva, por não encontrar bebida alcoólica naquela casa e, o que é pior, na “brincadeira” passava as mãos nos seios e nos órgãos genitais da sobrinha e das meninas, filhas do casal, o que os deixava num constrangimento terrível.
Só urinava fora do vaso e de vez em quando vomitava no sofá ou em algum quarto onde era levado a dormir, quando ia lá, causando um desconforto desgraçado.
O marido, coitado, daqueles “pacíficos”, que achava que        não deveria criar problemas com a mulher e os seus parentes, via tudo aquilo e, embora com muita raiva, optava por ficar calado, para evitar maiores problemas.
Este negócio de “para evitar maiores problemas”  termina sendo o problema maior na vida de muita gente.
Eu havia terminado de fazer a minha palestra, cujo tema era exatamente este da bondade aparente, quando no final, ao colocar-me a disposição do público, para perguntas e respostas, ela, que estava com o marido presente na platéia, relatou-me este quadro que ocorria no seu lar e perguntou-me como fazer, num quadro deste.
Foi quando eu respondi:
Bote esse safado pra fora e, se possível, com pé na bunda, dedo na cara e da forma mais enérgica possível, exigindo que ele respeite o lar de vocês.
- “Olhe aqui, tio. A partir de hoje não toleraremos mais o seu vício nojento e fedorento. Quer beber a sua cachaça, vá beber na sua casa e curtir a sua embriaguês lá e não aqui. Bêbado, aqui, você não entra nunca mais. A porta não será mais aberta e qualquer insistência, nós chamaremos a polícia.”
Sugeri também que lhe fosse dado o recado, quando estivesse sóbrio, também, para que ele tomasse vergonha na cara.
- “Tio. Nós queremos aproveitar este momento raro que o senhor está sóbrio, e dizer, aqui junto à sua família, que nós não queremos nunca mais que o senhor vá bêbado, à nossa casa. Se quiser ir sóbrio, o senhor e sua família serão sempre bem recebidos, mas bêbado nãoooooo.”
Geralmente esse tipo de figura esboça reações, mesmo quando está sóbrio, achando que os outros estão desrespeitando o seu direito de beber e ficar bêbado. Mas, quando isto acontece, ninguém deve se intimidar e muito menos baixar a voz. Tem que ser firme e deixar claro que aquela é a decisão e que não abre mão.
O problema é que as pessoas ficam com medo da reação da família e da praga da língua dos parentes que, invariavelmente, entendem tudo ao contrário, saindo em defesa do verdadeiramente problemático.
Não ligue para isto e que se dane as línguas dos parentes.
A nossa “bondade”, que é uma bondade de araque, termina por incentivar o viciado e o chantagista a continuar mais viciado e mais chantagista.
Muitas mulheres, em relação aos maridos grosseiros, estúpidos, viciados e insensíveis, costumam dizer:
- “Ah, este não tem mais jeito. Estou há anos agüentando tudo isto e cheguei a conclusão de que é preferível me calar, para evitar problemas maiores. Cansei”.
É exatamente por causa dessa sua postura besta que ele continua como está.
Diante das pessoas grossas, estúpidas e abusadas, sejam filhos, parentes e até colegas de trabalhos, muita gente diz isto:
- “Isto é o jeito dele, ninguém vai conseguir mudá-lo e temos que aprender a conviver com isto”.
Conversa fiada. Este argumento está dentro daquele outro ditado ridículo que diz:
“Devemos aceitar as pessoas, como elas são”.     
Mentira, você não tem obrigação de aceitar pessoa nenhuma do jeito que ela é, quando esse jeito está lhe prejudicando, lhe fazendo mal.
- “Você quer ser como você é? Mas seja lá na sua casa, na minha não. Em relação a mim, não. Quer fumar? Fume na sua casa e onde você quiser, menos na minha e menos,        também, aqui no ambiente de trabalho, onde eu também respiro o mesmo ar.”
Em princípio os hipócritas e falsos moralistas de plantão vão achar você uma pessoa agressiva, porque é assim que os imbecis entendem a pessoa que é firme, que é autêntica, que não é fingida e que tem coragem de dizer as coisas que precisam ser ditas.
- “Você é muito agressivo nos seus escritos, poderia dizer a mesma coisa, usando outras palavras”.
Há gente que diz isto. Mas em relação a determinadas pessoas, não tem como você utilizar outras palavras e a coisa tem que ser na dureza e na postura enérgica mesmo, senão não adianta.
Se você é assaltado na rua, por um bandido, drogado, com um revólver na sua cabeça, será que você vai dizer a ele: "Meu irmão, Jesus disse que quem com ferro fere, com        ferro se ferirá. Ele disse também para não fazer ao seu próximo o que não gostaria que lhe fizesse. Abaixe essa arma" ? Acha que ele iria escutar esse seu discurso?
Certos discursos é o mesmo que falar Grego, para determinadas pessoas.
Muita gente só se emenda depois de uma boa esculhambação.
Se você observar bem, todas as pessoas que foram boas demais, tolerantes, que aceitaram tudo sem falar nada no decorrer da história sofreram agressões de toda espécie, foram vítimas de chantagens e de todo tipo de abuso.
Vou dizer uma coisa que talvez muita gente não queira        aceitar:
A sua bondade, a sua tolerância e a sua paciência para com determinadas pessoas, antes de ser gesto de amor termina se tornando verdadeira vitamina fortalecedora da chantagem, do abuso e do vício.
Quando mais você é bom e se cala para a pessoa chantagista, mais ela se fortalece na chantagem contra você.
A mãe que, achando que está praticando o AMOR MATERNO, tolera todos os abusos dos filhos, está fazendo uma besteira enorme e, ao contrário, fazendo é mal, para eles.
Não é um discurso contra estes valores maravilhosos que o homem deve ter, o da Caridade, da Fraternidade, da Compreensão, da Tolerância... Não é nada disto, muito pelo contrário. Só que, dentro da relatividade, isto é também relativo.
Querem nos incutir que estes valores são incondicionais, mas não são não. Cada caso é um caso.
Quando alguém confunde Caridade com esmola, o que a maioria das pessoas confunde, termina se transformando num desastre, porque deixa o “beneficiado” viciado e acomodado.
O verdadeiro violento, chantagista e explorador invariavelmente é covarde e, por causa desta covardia, ele se apega exatamente nas pessoas que não reagem, que        não lhe causam obstáculo nenhum, e quanto mais elas são boas, aí que se apega mesmo e aumenta a dose da sua chantagem e da sua exploração.
Há um outro equívoco, que muitas pessoas dizem que"os filhos mais problemáticos, são os que mais precisam de amor dos pais". Pura balela.
De amor todos precisam, nenhum mais que o outro.
Tem muitos pais que levam esta instrução a sério e terminam praticando injustiças em relação aos outros filhos. É aquela casa onde um filho é grosseiro, estúpido, mal educado, agressivo para com os pais, mas que recebem um monte de benefícios que não são dados aos outros filhos que são amorosos, gentis, carinhosos e equilibrados. Isto é um absurdo e uma tremenda injustiça! Filho agressivo tem que ser tratado com energia, porque só assim ele acaba com a sua frescura. É frescura mesmo, porque está dentro daquilo que afirmei: quanto mais você é bonzinho, mais o abusado abusa.
Ninguém é obrigado a sofrer por ninguém, eu já disse isto várias vezes em artigos diversos que escrevi.
Ninguém deve aceitar viver submisso à ninguém,        porque é masoquismo.
Ninguém deve se calar diante dos abusos de ninguém, porque alimenta o perturbado ou viciado a ficar cada vez mais perturbado e viciado.
Ninguém deve tolerar as inconveniências do ciúme de ninguém, porque o faz ficar acomodado e a não fazer o menor esforço para se livrar dessa praga dessa doença. Ciúme nunca teve nada a ver com amor.
Quando a gente começa a deixar de ser besta para os outros, muita coisa começa a mudar em nossa vida, embora sejamos criticados pela praga da hipocrisia.
Comecemos, então, a mudar hoje mesmo.   
         Para a apreciação de todos.
Com um forte abraço.  


 Alamar Régis Carvalho

2 comments:

Anonymous said...

Muito bom! Obrigada.

Júnior Rodrigues said...

Bom, eu sofro constantemente com parte do que você escreveu em sua matéria. Sempre pensei: "Melhor fazer isso para fulano e evitar problemas depois", exatamente como descreveu. O caso é que vivo estressado porque faço mil favores para meus parentes e sempre que preciso de ajuda, conto com poucos, sou desmerecido, colocado para baixo em meus projetos, etc. O povo cita a Bíblia afim de usarem Jesus a favor de favores, mas vou me lembrar do "Sim, sim e não, não", com toda certeza! Muito obrigado por esse post e que seu livro possa vender mais e mais!